Quem me conhece sabe o quanto tentei ficar de vez em Recife depois de sete anos nômades, Deus até permitiu passarmos os últimos quatro bons anos “em casa” e agora, quem diria, estou no México, já fazem seis meses.
Nesse dia de finados, comum ao calendário brasileiro, tive a grata surpresa de ter um contato forte com uma das maiores tradições mexicanas … El Día de los Muertos. Desde a queda do homem, os povos, apesar primitivos, sempre tiveram a preocupação em entender o sentido da vida e de como lidar com a morte. O sincretismo mexicano acabou juntando as raízes indígenas com a colonização católica e criou-se algo muito pitoresco.
A morte aqui é cultuada, comemorada e festejada. Chega a ser personificada como uma “santa” e tem vários apelidos: catrina, huessuda! Não é algo isolado, é uma cultura bem massificada. Há uma relação muito próxima, não sei se por conta da violência que ainda é muito eminente ou por pura obra do diabo, inclusive, perto daqui, Coatzacoalcos, fica Catemaco que é um centro de bruxaria mexicano.
Esse curto texto não se propõe a ser uma fonte cultural sobre essa parte da tradição mexicana, se quiserem matar a curiosidade pesquisem melhor na internet. De uma forma geral a tônica macabra dos festejos tenta ser suavizada pela emoção e saudade aos entes queridos que já se foram.
Enfim, para essa comemoração se constroem altares para os mortos e espíritos inclusive no trabalho e escolas, esses altares contém oferendas para os mortos e se parecem muito com os ritos de candomblé que vemos no Brasil. Algo bem “pesado”.
Esse tema tem sido uma boa desculpa para pregar e muitos mexicanos tem me ouvido e refletido sobre a ruptura dos paradigmas culturais que herdaram. Como cultuar o pagamento de nossa condenação pela qual Jesus morreu e já venceu!?
Tive a oportunidade de dizer a um ateu, daqueles que se incomodam bastante com a pregação de Jesus, que um cristão comemorar dia dos mortos seria como se um judeu fizesse uma festinha de aniversário para Hitler … ele me perguntou porque, e não me contive da alegria de ter um momento precioso para pregar novamente para ele, e a seu pedido!
E comecei.
— Quando Deus disse a Adão:
” mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:17.
— Fica claro que a morte não fazia parte da vida do homem, veio como pago e condenação pelo pecado.
Aleluia pois Ele não desistiu do seu propósito, depois de ter feito a aliança com Abraão: ” Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.”Gênesis 17:7
Deus precisava restaurar a imagem corrompida do homem, e a promessa veio como escrito por Oséias:
“De la mano del Seol los redimiré, los libraré de la muerte. Oh muerte, yo seré tu muerte; y seré tu destrucción, oh Seol; la compasión será escondida de mi vista.” Oséias 13:14
Gostei muito dessa tradução da Reina Valera 1960 em espanhol.
” E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado,e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Coríntios 15:54-57
Jesus venceu a morte, aleluia … ele tomou a nossa condenação sobre si e nos presenteou com uma tão grande salvação, e não teve compaixão da morte …
” E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” Hebreus 9:27
Para tentar compreender como a tradição cultural impacta no entendimento do evangelho veja um extrato que tirei do Wikipedia falando de Montezuma, imperador asteca e Hernan Cortez, conquistador espanhol:
Relata-se que, depois de submeter-se aos espanhóis, Montezuma estudava cuidadosamente a religião cristã, possivelmente com o fim de incluir sua figura maior, o Cristo, no panteão de deuses que adorava.
Ao ser informado sobre a cerimônia da eucaristia explodiu indignado diante de Cortês:
— Mas quem és tu, vil criatura humana como eu, que te permites comer a carne de deus e beber o seu sangue?!
Pode-se compreender a indignação do imperador já que, ao contrário dos cristãos, os astecas ofereciam o seu sangue e o seu coração aos seus deuses, tomando Cortês como um monstro que se permitia devorar seu deus.
Embora houvesse muita boa vontade por parte de Montezuma em aceitar a religião que se lhe impunha, havia enorme dificuldade de compreendê-la, pois, como homem muito religioso, desejava sinceramente convencer-se. Em outra ocasião, conta-se, teria verbalizado a seguinte confusão:
— Se os homens de sua tribo sacrificaram Cristo para o seu deus, por que adoram a ele, vítima sacrificial, e não ao próprio deus?
Realmente a provocação de Montezuma faz sentido, do ponto de vista humano, e terreno, mas a revelação da graça de Deus, que falando assim parece tão simples, rompe com todos os sofismas culturais e psicossomáticos.
Cristo em vós, a esperança da glória. Colessenses 1:27
Fico feliz de poder estar pregando aqui no México, esse choque cultural me faz concentrar em entender melhor os princípios absolutos da obra de Deus.
Que eu seja frutífero para ele aqui e onde quer que eu esteja!
Feliz dia dos mortos … mortos para esse mundo! Heheheheh
Daniel Machado
Discípulo, de Recife morando atualmente no México.