Com uma margarida na mão e um nome no coração, algumas vezes brincávamos de bem-me-quer-mal-me-quer. E muitas florzinhas perdiam suas pétalas. E, por vezes, definía-se se continuaria ou não gostando desta ou daquela pessoa. Jogo bobo, inocente que, por vezes, aparece dentro de um relacionamento, de um casamento.
Completamente inadequado. Totalmente contrário à Palavra. Não amamos por somos amados. Aliás, Deus nos amou primeiro, e por isso conseguimos amá-lo. Você não pode definir se ama ou não o outro com base no bem—me-quer-mal-me-quer. Não é porque o outro está agindo de forma agradável, correta e honesta conosco que pode e deve ser amado.
Muitas vezes vamos sofrer injustiças de nossos amados e nosso amor ficará inabalável. Fica estável porque não amamos por merecimento. Nosso amor deve ser sobretudo quando o outro não está agindo com bondade nem amor. Pablo Neruda tem um soneto muito interessante:
“Saberás que não te amo e que te amo
porquanto de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.Amo-te para começar a te amar,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de te amar nunca:
por isso mesmo é que ainda não te amo.Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da ventura
e um incerto destino desditado.O meu amor tem duas vidas para te amar.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.”Pablo Neruda, in “Ciem Sonetos de Amor”, tradução de Thiago de Melo, VR Editoras, 2001.
— Sim, isso mesmo! Quando erro, quando me exaspero, quando me faltam palavras doces, não quer dizer que agora não amo te mais. Por favor, tenha paciência! Te amo muito, mesmo quando não consigo expressar isso. Estou aprendendo, o Senhor não completou toda a obra em mim!
A nossa brincadeira é outra: se parecer que estamos no “mal-me-quer” saiba que conjugaremos o “mais-te-quero”! Não vamos ficar aguardando o arrependimento para amar. Vamos amar ainda mais, mesmo que não haja desculpas. Não vamos ficar na expectativa das mudanças, nosso amor será como o de Jesus: independente das ações. Vamos amar como Cristo nos ama e nos aceita.
— Repito: se eu te parecer que não estou te amando, saiba que ainda assim te amo, e como te amo. Eu te amo mesmo quando não te amo!